Silêncio. Durante meses, dias, horas...apenas silêncio. Não sei quantificar o tempo, parece-me estúpido quantificar algo que não acaba, que não pára, que se mostra impiedoso mesmo quando desejei que ele andasse davagarinho, assim quando estava junto de ti. Desejei que ele andasse devagar, melhor que parasse de vez. Não me obedeceu. Serviu para nos afastar, impôs silêncio entre nós, como forma ingénua de algo que não sei explicar, mas que se foi alastrando ao que nós fomos como que uma doença. Foi doença amar-te, porque sim, "o amor é uma doença onde nele, julgamos ver a nossa cura". Fui doente, sei que amei. Sei que senti cada palavra que disse, cada momento. Únicos contigo. E depois o silêncio. Durante esse tempo nada, ou melhor, pouco para o que fomos, demais para o que te fiz. E no preciso momento em que agarro o telemóvel, no momento em que o coloco na mão, ele vibra. Tive a mesma impressão que tive quando te vi pela segunda vez, quando não havia silêncio. Aquela impressão no estômago que tenho sempre que estou nervoso ou ansioso. Nesse momento soube logo que eras tu. Sem olhar sequer para o telemóvel senti logo que eras tu. Corri para o telefone de casa. Parecia que o mundo ia acabar naquele instante não sei. Precisava de te ouvir. Após tanto tempo, tanta coisa precisava de te ouvir falar, e acima de tudo de te ouvir sorrir. Ficas tão meiguinha...nem te passa.
Deitei.me no sofá. O mesmo tempo que nos afastou, que nos calou e pôs praticamente em silêncio um para o outro, agora traz-te até mim sobe a forma de recordação. Sei que é isso que tu és, que provavelmente não dás á recordação que tens de mim nem um décimo da que eu dou á tu. Não me interessa. Gosto de ser assim, de impor ternura a tudo o que me marcou e foi especial, verdadeiramente especial....como tu. Por momentos vejo as horas ao telefone, o teu sorriso, os teus lábios, a carinha que fazes quando queres muito alguma coisa, vejo tudo, quase te toco de novo, quase falo contigo sem esperar que respondas. Quase te tornas realidade. Talvez não devesse ser assim, de dar tanta importância ao que já foi, ao que fomos. Talvez, mas não interessa. Deve ser do tempo