quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Por ti, para ti

Foges das minhas mãos como se fosses areia. Sinto-te partir por entre os meus dedos, deixando um vazio em mim que jamais pensei sentir, um vazio que nunca quis encontrar. Pareces fumo...unes-te ao ar que me rodeia, esvoaçando para onde não te consigo encontrar...para fora de mim. A tua presença, mera recordação. Deixo-me cair no chão que outrora palmilhámos juntos, lado a lado de mão dada. O chão que tatuamos com a nossas pegadas como prova de algo que pensei que não acabaria assim. Estranho este chão sem ti. Parece frio...demasiado para quem estava habituada ao refugio do teu olhar, onde me perdia horas a frio, nas tuas palavras, sorriso, beijo...em ti. Tremo de frio e abraço o chão na esperança de nele te encontrar a ti. Talvez te tenhas afastado nos poucos instantes em que fechei os olhos, julgando que isso não terminaria o sonho do qual eras a única protagonista, talvez nunca tenhas existido sequer, talvez nunca tenhas passado disso mesmo, de um sonho.
Pensamento estúpido, és demasiado especial, única...e agora partiste. Aninho-me no chão que um dia te ofereci com lágrimas banhando-me os olhos...nelas vão todas as memórias que agora quero, mas não consigo esquecer.As tuas memórias. Choro até adormecer, e acordo com a sensação de que chorei enquanto dormia. Levanto-me desesperado, e chamo por ti...grito o teu nome, enquanto me deixo invadir de loucura, de desespero...sei que era louco por ti, agora a tua ausência faz-me desesperar. Grito com todas as minhas forças, grito apenas uma palavra, o teu nome...inúmeras vezes, exponenciando o teu nome ao limiar da loucura... Vejo os céus rirem-se de mim, vejo-os levarem a palavra que gritei para bem longe. E nada, não te ouço responder. Deixo-me cair abatido no chão, soluçando, dizendo que te amo, que preciso de ti...mas não ouviste os meus gritos, jamais me ouvirás murmurar. Perco a noção do tempo e dexio-me ficar deitado a olhar o céu, a contemplar a estrela que um dia te ofereci: "aquela" disse naquele dia, "aquela pequenina e insignificante" onde estarás tu? Perco-me nessa questão milhares de vezes sem dar conta de o tempo passar. Levanto-me por fim, e caminho sem direcção e sem destino, sem querer pertencer a algo, a alguém...tu gostavas de andar, e eu amava andar contigo, mas isso nunca te disse. Relembro agora tudo o que nunca te disse, e vejo que serão "as palavras que nunca te direi" e tinha tanta coisa para te dizer agora. Agora que te amo mais do que nunca. Agarro pedaço de pau e com ele escrevo neste chão que um dia foi nosso e agora é meu.
Obrigado

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Concha de mão


Sccchhhhhhhh. Não digas nada. Deixa que seja meu este momento...só meu. Para com essas perguntas, pára de transformar tudo em mais e mais questões, quando sabes que não te posso responder, que não sei o que dizer. Odeio perguntas, odeio que me tires o pouco controlo que tenho na minha vida. Deixa que seja meu este momento. Só hoje.
Fecho os olhos. Junto as minhas mãos como se concha fossem....assim,acabada de sair do mar, apanhada em areia ainda húmida pelo doce beijar do mar. E ponho-a no ouvido. A concha que fiz com as minhas mãos, encosto-a a mim, assim como eu me encostava ao teu peito, para ouvir bater o teu coração. Adorava isso. Na concha ouço o mar, algo distorcido, forma ténue da realidade, mas ouço-o. Acalma-me....não sei porquê, mas acalma-me o tempestuoso som do mar, aquele rúgido...como tu me acalmavas...a tua voz... o teu colo...tu, o meu mar. Sinto-me calmo com a concha no ouvido, viagem ao passado, até ti, até ao teu corpo, tuas palavras, até à felicidade que tive, sei que tive. Sinto-me agora em paz, adormecido para a realidade que me rodeia, sinto-me eu e o mundo, só mundo. E aí está o problema, eu e o mundo mais nada. E tu? Onde te escondes? Não te vejo, não te sinto a não ser em meros instantes em que me julgo a sonhar, instantes que acabam quando me aproximo de ti, quando estou prestes a deitar a minha cabeça em ti, quando por pouco me ofereces de novo o teu colo, onde me aninhava como se fosse a criança mimada que sabes que sou, que eu sei que sou. O sonho acaba assim que me aproximo de ti, depois, tristeza.
E refugio-me de novo na concha que crio, pequenino mundo que imagino, onde por momentos te encontro, mesmo sabendo que não estás, que nunca estarás.
Gostava de te ver assim pequenina...pequenina ao ponto de caberes na palma da minha mão, na minha concha, para te encostar ao meu ouvido, para te ouvir respirar, para sentir esse jeitinho mimado, o bater do teu coração...para que pudesses entrar no meu mundo uma última vez, só uma...para que enfim...pudéssemos caminhar em direcção ao mar que julgo ouvir, de mãos dadas...caminhada só vista pelas pegadas que vamos deixando na areia...apenas as minhas...porque tu caminhas nos meus braços que te amarram suavemente a mim decididos a não deixar que partas novamente....jamais. Nó de amor. Depois iria parar a caminhada junto ao mar, deixaria que te tocassem, cada grão minusculo da areia que pisei....suavemente,por ti. Deixaria que o mar, te tocasse timidamente, te beijasse como, outrora, também o fiz. Banhados pelo sol, que lentamente mergulhava no mar que nos ia engolindo aos poucos. Perguntas-me se fico contigo, não respondo. Beijo-te apenas. Era essa a resposta que querias. E afundamo-nos no mar, de mãos dadas a olhar um para o outro, à espera do fim que nos unirá para a eternidade no meu pequenino mundo. Olhos nos olhos, digo que te amo com o olhar, sorris. Tudo o que eu queria, o teu sorriso, tu de mãos dadas comigo. Por fim somos um, apenas um. E num momento que era meu, fizemos o nosso, por nós e para nós. Para sempre.
Porque não cabes na palma da minha mão?
Queria-te na minha concha...
No meu mundo...
Comigo...
DEVANEIOS...MEROS DEVANEIOS...

terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Permaneço imóvel à frente do teclado do computador... horas... minutos... rendendo-me aos caprichos de um relógio que não deixa parar o tempo, que se entrega ao seu constante egoismo em controlar tudo. Escrevo,apago, torno a escrever e mais uma vez apago. Não encontro as palavras que quero, talvez não existam, talvez não passem de murmúrios que ouvi em sonhos, que ouvi quando julgava sonhar, não sei. Toco as teclas suavemente, do mesmo modo que te tocava a ti, do mesmo modo que percorria as estranhas coordenadas do teu corpo, em que cada toque correspondia a um suspiro de prazer, destinados ao mistério de momentos e mais momentos que exigiamos nossos, só nossos. Neste teclado me perco, me entrego como refúgio dos meus sentimentos, dos meus medos e desejos mais escondidos. Entrego-me, porque aqui não tenho medo. Aqui não tenho medo de me sentir só, não tenho medo de pensar que não existe mais ninguém no mundo. Deixo de ter medo à noite, quando me entrego à completa escuridão apenas disfarçada pela singela presença do computador, que teimo em deixar ligado, para lembrar a tua presença, a mesma que deixoude existir.
Vou escrevendo, sei que escrevo para quem não quer saber ler, são palavras gritadas ao vento num dia de tempestade, palavras que ninguém quer ouvir, palavras que ninguém entende. Ao menos grito-as. E bem lá no fundo, sei que um dia elas chegarão até ti, em embrulhadas em garrafa de vidro, lançada ao mar, neste onde te vi afogar, nas profundezas de um abismo que eu própri criei...esquecimento,ou puro fingimento...
DESLIGO O COMPUTADOR

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Fumos

Fumava lentamente um cigarro.O fumo deste juntava-se aos muitos cigarros caidos a meus pés,onde se refugiavam num mundo de fantasia, onde também tu te refugiaste, de onde te arranquei, como se fosses coisa de arrancar. De onde julgava querer que saisses...parece que me enganei. Hoje fecho os olhos e vejo que não, não te queria perder. Na verdade, fazes-me falta...tu, o que quer que sejas, bichinho de incompreensão, livro em branco, não sei, não sei mesmo o que és, o que foste. Talvez sejas apenas mais um cigarro caido a meus meus pés, cigarro que foi fumo por mim inspirado, que saboreei e guardei em mim até não aguentar mais...Só sei que foste fumo que me consumiu, que me envolveu...cigarro que acabou caido a meus pés, como memória singela de tudo o que foste, de tudo o que me fizeste ser. És o fumo agora desaparecido, o fumo que eu soprei por medo, por saber que a tua presença era demasiado perigosa para mim, que me fazia tremer de recordações, de memórias...algo que eu pensava que não queria viver e muito menos sentir. Hoje não penso assim, na verdade,acho que nem penso, não sei o que pensar,acabei por viver num mar de confusões, de memórias torcidas de felicidade que julgo não passarem de miragens, que não me trazem senão tempestades de pensamentos onde me afogo sem nada conseguir fazer. Logo eu que não sei nadar. Não sei o que fiz,apenas sei o que perdi...para sempre.Um sempre que não é relativo, um sempre dotado de eternidade.Um sempre para sempre.
Condenei-me,portanto, a fumar cigarros, um após outro, na esperança que num te encontre,de novo a ti, pa me encher desse fumo, decidido a não tornar a respirar outra coisa, a não deixar sair nem um bocadinho de ti, de mim.
Acabo a olhar-me ao espelho, e nele não encontro o meu reflexo,eras tu que me reflectias me fazia ver que não estava sozinho.Que havia alguém que sem o mostrar me protegia sem eu o pedir.
Hoje sei que sou cigarro, consumido, por consumir e de ti não deixei sequer fumo para te dizer uma última coisa...........................................................................................................
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.............................................................................................................................................................................................desculpa.....................