segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Por palavras, por fim, a despedida...

Sinto-me só. Tenho vontade de chorar, sei que tenho. Não consigo. Talvez seja a presença desta solidão que não me deixa. Esta solidão que finalmente me alcançou, como marca de realidade que odeio e que não queria estar a viver, mas que me vejo obrigado a aceitar...e a realidade é que te perdi, ou que tu me perdeste, ainda não sei qual destas duas é a mais correcta, se é que existe alguma, por assim dizer, correcta. Só sei que não existimos!
Hoje não aguentei. Sentia-me a mais no meio de amigos e conhecidos...pessoas, que passam, mas que não ficam como só tu foste capaz de ficar. Tive que sair, sentir-me ainda mais sozinho. Vim à praia, àquela onde tantas vezes estivemos juntos, quando estávamos juntos. Nunca a areia dela me pareceu tão acolhedora como me parece hoje...sinto-a nos pés, por todo o corpo. Sinto-a como ténue forma de consolo a quem não se conhece, mas a quem se nota a perda de alguém. Ouço o mar de uma maneira que nunca tinha ouvido antes, parece que me está a dizer algo. Algo, que não entendo, dito em lingua de mar. Não lhe entendo as palavras, mas alegram-me de algum modo. Alegra-me ele estar ali simplesmente, beijando a areia continuamente, dizendo-lhe o quanto precisa dela, o quanto gosta dela, a cada vez que a toca ao seu jeito molhado sem lhe pedir licença. Também fui mar, fui água em corpo sólido. Também te acariciei, mimei sem pedir licença...sabia que o querias. Não o deixei de ser. Continuo mar...de angústias e confusões. Não sei o que fazer, não sei mesmo. Não eras simplesmente parte da minha vida, eras um pedaço de mim. Algo que agora me falta, e que vai sendo ocupado por esta sensação de solidão e tristeza que se apoderam de mim, sem que tenha forças para as combater.
Disseram-me que não gostava de lutar. Quem gosta?? Lutei demasiado em todo o NÓS que tivemos, lutei por dois muitas das vezes. Desgastei-me, perdi forças, e hoje, baixo a cabeça...sem a conseguir erguer novamente. Não lutarei de novo por ti, já chega. Entrego-me a palavras de desabafos que nunca irás ler,deixaste de me saber ler...
O tempo também passa aqui na praia, e eu continuo sem conseguir chorar...sinto cada vez a mais a tua falta. Como que por vontade própria, as lágrimas teimam em não cair...só queria saber chorar. Não sei porque se tem de chorar nestas alturas em vez de rirmos, não sei, mas ao menos hoje, gostava de ser também normal e chorar por fim.
Sinto a tua presença esfumar-se de mim, és cada vez mais memória de tempo passado. Espero um dia não querer destruir essa memória, a tua memória. Precisava de me afastar de tudo. Abandonar por momentos este momento que odeio, este mundo tão estranho sem ti. Queria voar agora, de sentir o vento passar pelo meu corpo, deixar que ele levasse as minhas memórias para longe por segundos. Sentir-me em liberdade momentaneamente. Queria ficar a ver o mundo lá de cima do céu, ver-lhe a noite e depois o dia, ver todo o seu tempo. Não sei, gostava. Gostava de ver como o tempo passa, como rouba o dia a noite, ver como não sei o quê te roubou de mim. Desejo asas para voar, podem ser as mesmas que usaste para sair de mim...como me soam a tolas estas palavras...
O tempo passa, e eu baixo ainda mais a cabeça. Julgo-me a sufocar, a perder fôlego para a vida. O amor torna-nos estúpidos quando amamos quem já não existe para ser amado por nós. A tua ausência roça o insuportável aqui na praia.Dói!!! Parece que vai durar mais tempo do que aquele que me resta. Já não sei o que escrevo, pareço adolescente em crise traumática, não quero saber, é o que sinto. Sinto cada letra que escrevi sem lhe tirar uam virgula sequer.
Levanto, a custo, lentamente a cabeça. Pesa-me a tua ausência, mas levanto-a e respiro novamente. Vejo o mar, vejo a areia, não me abandonaram. Sorrio por isso. Com o ded escrevo na areia a minha despedida de ti, a única possivel. Escrevo devagar, não me quero enganar. Escrevo "Amo-te !" na areia, viro costas a tudo, e caminho para sair da praia. Sei que o mar, agora em silêncio, apagará essas palavras da areia e as levará com ele. Não as tornarei a dizer, naquela areia te escrevi, de ti me despedi. Deixei-te lá, o mar levar-te-á, tal como eu te tirarei de mim. Já não ouço o mar,não vejo a areia...acompanham-me o seu silêncio, sua ausência que sei que me reconfortam. Sei que estarão lá para mim. O marapagou o que escrevi, sei disso. Também te irei apagar de mim...por fim, choro. Sinto-me feliz por isso.
De lágrimas a memória te tornarás!

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

No Cadeirão

Sento-me no cadeirão que nos serviu de mundo, de refúgio...talvez até de limiar de perfeição. Parecia-me confortável.Agora sem ti, vejo que até é bem mais duro do que o que me parecia antigamente.Deixo-me sentado mesmo assim...faz-me sentir perto de ti este cadeirão, como se desse vida às tuas memórias, aos nossos momentos que teimo em conservar em mim. Fecho os olhos, e mor momentos de loucura, julgo sentir o teu corpo nú, serpenteando o meu...julgo ouvir a tua respiração,como se de uma música se tratasse. Música que por dias, por momentos intermináveis, por instantes sem conta, me decidi a não deixar de ouvir...Abro os olho como que a acordar de pesadelo, e fico uns instantes a misturar realidade com fantasia, tu com sonhos, o hoje com o amanhã, a tentar parar o tempo, a ver se percebo o que acabou de acontecer...sinto o teu cheiro na minha pela, a tua respiração ainda faz eco em cada centimetro do meu corpo, como se de uma tortura se tratasse. Não, momento delicioso que eu julguei real, fantasia, pura fantasia...mas parecia tão verdadeira, o teu cheiro, o som trémulo da tua respiração. Que raio de droga esta? Faz-me sentir-te quando sonho acordado, levita-me o corpo para pesadelos que me torturam a cada segundo, onde te encontro, de onde acabo por não querer sair. Engraçado isto, penso eu. Acendo um cigarro, e deixo-me estar, sentado no cadeirão, a ver o tempo passar. Delicio-me com o ritmo doido do mundo, com as correrias loucas de pessoas que passam por mim, que me chutam o cadeirão sem pedir desculpa, que correm sem saber que deviam era sonhar, que não dão ao tempo o tempo que também ele precisa para também ele correr devagar, e não contra si próprio, como se tudo isto não passasse de uma corrida, em que no fim nada nos espera, não há prémio, não há pódio, acaba simplesmente. Dá-me vontade de rir, que tontas que sãoestas pessoas. Correm, tropeçam em mim gritando palavrões que prefiro não entender sequer, que se esquecem de dar tempo ao tempo, de dar tempo a elas mesmas...para por fim, viver. Sinto-me com poder, deve ser do cadeirão, ele faz-me viver, faz-me apreciar cada segundo do tempo que corre sempre contra nós sem que nos apercebamos disso. Pessoas e mais pessoas, correrias loucas, rotina, discussões, e tudo isso me passa ao lado, não fossem os encontrões no cadeirão onde te julgo sentada comigo e acreditava que era mera sombra ou fantasma a que ninguém reparava. Ainda assim, faltas-me tu. Não sei se valerás a pena a louca corrida neste mundo do qual gosto de fugir, de pensar que não lhe pertenço.
Afinal, até ti, basta-me fechar os olhos e ter esperança em mais um sonho quete traga até mim, e sinto-te, sinto o teu corpo quente, sinto os teus lábios nos meus. És tu quem perdes por sair deste cadeirão, não eu. Tenho o mundo a meus pés, e ele nem desconfia disso, só quando o faço rodar ao contrário. A minha vontade, crua realidade. Diverte-me isto. Sei que me faz sentir sozinho, que me torna egoista por não correr por ti, mas não se vive a correr, antes sim, despacha-se a vida. Não sou o único a ver isso, vejo agora mais cadeirões ocupados por deconhecidos, que se decidiram, finalmente,a dar tempo a eles mesmos. Num vejo-te a ti. Não feches os olhos, não chegarei até ti, foste tu que me perdeste, não vou deixar que em encontres, não te esqueças, o mundo a meus pés.
Adormeço com um sorriso delicioso nos lábios na certezade que não me encontrarás outra vez, a menos que eu queira. Deixo cair o cigarro enquanto adormeço...a sua cinza é levada pelas correriasdas pessoas...e chega até ti por fim. Assim comose fosse uma mensagem...procura-me diz ela...enquanto eu te chego nesse sono que tomas tranquilamente...o meu cheiro...a minha respiração...e a cinza no chão com a palavra procura-me escrita em lingua que só tu sabes ler...

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Faz 1+1=1...

Agarro a garrafa que um dia partilhámos.Agora...nada, vazia. Antes cheia, por nós. E agora, por agora, para sempre, vazia...não a suporto assim. Escrevo o teu nome em pedaço de papel, escrevo-o consciente de que é a última vez que o faço desta maneira, tão sentida, por pouco...poética.
Na garrafa, meto esse papel que transporta o teu nome, palavras que escrevi consciente da solidão e saudade em que agora me vejo. Lanço-a ao mar, e vejoa-a flutuar, embalada por oondas que crio ao sabor da tua memória. Só assim te posso embalar agora. Acabaram-se os momentos, em que a teu pedido te embalava docemente com miminhos na cabeça...acabaram-se por fim eu sei... odeio saber isso. Aqueles momentos em que ficava a ouvir a tua respiração, que contigo ia adormecendo até mal se ouvir. Especiais, só assim defino esses momentos. Os momentos em que sonhavas comigo, em que te protegia de nada, em que me reconfortava a tua presença.
Vejo a garrafa afastar-de mim, aos poucos, depasiado depressa porque te adoro. Perco-a de vista. Sei que partes com ela, que não voltarás de novo para o meu colo. Só te queria a ti. Afasto-me agora do mar, ele encarregar-se-á de te levar para bem longe, para onde, sei, que também tu passarás por esta solidão e sofrerás com a saudade. Sei...espero que sim, que saiba. Caminho por instantes, e já não suporto a tua ausência, incomoda-me mais esta saudade, que me incomoda qualquer outra coisa. Não suporto a tua falta, coisinha que quero esquecer. Odeio a tua ausência, apetece-me saltar para o mar e abraçar de novo esse pedaço de papel com o teu nome para sempre. Abraçá-lo e guardá-lo para sempre junto de mim, como memória singela de tudo o que foste. grito uma última vez que te amo, sei que não ouvirás essas palavras, agora sem sentido. Ao menos tentei que as ouvisses. despeço-me desse mar, dessa garrafa, despeço-me de ti a chorar.Não te tornarei a ver, e só ficará uma coisa por dizer...preciso de ti, preciso mesmo. Afasto-me e entro no mundo ao qual já não pertences, no qual me sinto estranho sem ti,o mundo que tu fazias ter sentido, onde foste a melhor coisa que me aconteceu. Queria outra vez um minuto do que tivemos, um minuto eterno...bastava-me isso e era feliz. Porque agora sei, o que sinto por ti jamais sentirei por alguém...isso também nunca to disse.
Silêncio, lágrimas, solidão, tu...volta e não deixes que tudo acabe. Contigo, um passo para a felicidade, um passo para me perder de novo...Faz-me perder para sempre...contigo.